segunda-feira, 5 de maio de 2008

TONY DE MATOS uma lenda da canção romântica portuguesa


Desde sempre apelidado como um cantor romântico, Tony de Matos teve uma carreira com mais de quarenta anos, repleta de sucessos e de canções que o consagraram como um dos grandes intérpretes dentro do género em Portugal. Os primeiros anos de vida de António Maria de Matos foram passados no Porto, a sua cidade natal, onde começou muito cedo a ter uma relação especial com o meio artístico. A companhia de teatro Desmontável Rafael de Oliveira foi o seu primeiro espaço, onde ainda muito jovem começou por desempenhar as funções de ponto. Mas foi a canção "Cartas de Amor" que acabou por celebrizá-lo quando começou a cantá-la num espaço típico existente na Rotunda da Boavista. A partida para Lisboa mostrou-se depois essencial e, com apenas vinte anos, António Maria rumou à capital. Após uma experiência falhada na Comissão Reguladora de Moagens de Rama, Tony decidiu-se pelo regresso ao teatro, antes de em 1948 ter cantado pela primeira vez na Emissora Nacional. Os espectáculos, que por vezes fazia em algumas esplanadas de Lisboa, chamaram a atenção para o seu talento, especialmente a Júlio Peres, um fadista da capital. Nessa mesma noite, Tony fez uma apresentação no Luso, conhecida casa de fados de Lisboa. O entusiasmo em torno da sua performance foi considerável e a contratação para aí cantar dez vezes por mês surgiu naturalmente. O sucesso das suas canções conduziram depois à gravação do seu primeiro disco, em Madrid. Entre as faixas então gravadas destacam-se "Cartas de Amor", "Serenata a Lisboa" e "Expressão". O teatro voltou então à sua vida, desta vez no formato de revista, onde se estreou na peça "Cantigas, ó Rosa". A sua ascensão continuou e, no ano seguinte, partiu para o Brasil, e por lá ficou mais de seis meses, onde colaborou com nomes como Paulo Gracindo ou Doris Monteiro e deu vários espectáculos. As saudades de terras lusas foram, no entanto, mais fortes. Regressado a Portugal, foi contratado por Igrejas Caeiro para o programa de rádio "O Comboio das Seis e Meia". Mas quis o destino e alguns problemas com a censura que o programa terminasse, o que o levou a partir novamente, desta vez para Angola. A passagem pela então colónia portuguesa durou cerca de dez meses, antes de regressar outra vez ao Brasil, onde permaneceu durante seis anos. Tony de Matos encontrou então e novamente o triunfo, com canções como "Só Nós Dois", "Procuro e Não Te Encontro" ou "Lado A Lado". O êxito português conduziu a um novo regresso ao nosso país. A sua actividade no mundo do espectáculo contou também com algumas aparições no cinema, nos filmes "A Canção da Saudade", "Rapazes de Táxis" ou "O Destino Marca A Hora". A revolução de 25 de Abril encontrou o cantor nos Estados Unidos. Na altura, Tony viu conotado o seu estilo de canção com o antigo regime, o que levou à continuação da sua estadia nos Estados Unidos, durante oito anos. O novo retorno a Lisboa conduziu a novas aparições no teatro de revista, onde foi a principal vedeta em algumas peças. A convite de Vitorino, Tony cantou em 1985 no Coliseu dos Recreios, perante uma plateia rendida ao seu talento. O álbum "Romântico" lançado no mercado pouco tempo depois, foi um novo êxito, e promoveu novas e triunfantes digressões no estrangeiro. Um novo trabalho, "Cantor Latino", editado em 1988, constitui-se como o seu derradeiro disco. A triunfal carreira de Tony de Matos terminou abruptamente a 8 de Junho de 1989, quando faleceu em Lisboa.


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Morri ontem

O fado mora em Lisboa

O grande amor da minha vida

Procuro e não te encontro

Que queres tu de mim

Saudade vai-te embora

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