Desde sempre apelidado como um cantor romântico, Tony de Matos teve uma carreira com mais de quarenta anos, repleta de sucessos e de canções que o consagraram como um dos grandes intérpretes dentro do género em Portugal. Os primeiros anos de vida de António Maria de Matos foram passados no Porto, a sua cidade natal, onde começou muito cedo a ter uma relação especial com o meio artístico. A companhia de teatro Desmontável Rafael de Oliveira foi o seu primeiro espaço, onde ainda muito jovem começou por desempenhar as funções de ponto. Mas foi a canção "Cartas de Amor" que acabou por celebrizá-lo quando começou a cantá-la num espaço típico existente na Rotunda da Boavista. A partida para Lisboa mostrou-se depois essencial e, com apenas vinte anos, António Maria rumou à capital. Após uma experiência falhada na Comissão Reguladora de Moagens de Rama, Tony decidiu-se pelo regresso ao teatro, antes de em 1948 ter cantado pela primeira vez na Emissora Nacional. Os espectáculos, que por vezes fazia em algumas esplanadas de Lisboa, chamaram a atenção para o seu talento, especialmente a Júlio Peres, um fadista da capital. Nessa mesma noite, Tony fez uma apresentação no Luso, conhecida casa de fados de Lisboa. O entusiasmo em torno da sua performance foi considerável e a contratação para aí cantar dez vezes por mês surgiu naturalmente. O sucesso das suas canções conduziram depois à gravação do seu primeiro disco, em Madrid. Entre as faixas então gravadas destacam-se "Cartas de Amor", "Serenata a Lisboa" e "Expressão". O teatro voltou então à sua vida, desta vez no formato de revista, onde se estreou na peça "Cantigas, ó Rosa". A sua ascensão continuou e, no ano seguinte, partiu para o Brasil, e por lá ficou mais de seis meses, onde colaborou com nomes como Paulo Gracindo ou Doris Monteiro e deu vários espectáculos. As saudades de terras lusas foram, no entanto, mais fortes. Regressado a Portugal, foi contratado por Igrejas Caeiro para o programa de rádio "O Comboio das Seis e Meia". Mas quis o destino e alguns problemas com a censura que o programa terminasse, o que o levou a partir novamente, desta vez para Angola. A passagem pela então colónia portuguesa durou cerca de dez meses, antes de regressar outra vez ao Brasil, onde permaneceu durante seis anos. Tony de Matos encontrou então e novamente o triunfo, com canções como "Só Nós Dois", "Procuro e Não Te Encontro" ou "Lado A Lado". O êxito português conduziu a um novo regresso ao nosso país. A sua actividade no mundo do espectáculo contou também com algumas aparições no cinema, nos filmes "A Canção da Saudade", "Rapazes de Táxis" ou "O Destino Marca A Hora". A revolução de 25 de Abril encontrou o cantor nos Estados Unidos. Na altura, Tony viu conotado o seu estilo de canção com o antigo regime, o que levou à continuação da sua estadia nos Estados Unidos, durante oito anos. O novo retorno a Lisboa conduziu a novas aparições no teatro de revista, onde foi a principal vedeta em algumas peças. A convite de Vitorino, Tony cantou em 1985 no Coliseu dos Recreios, perante uma plateia rendida ao seu talento. O álbum "Romântico" lançado no mercado pouco tempo depois, foi um novo êxito, e promoveu novas e triunfantes digressões no estrangeiro. Um novo trabalho, "Cantor Latino", editado em 1988, constitui-se como o seu derradeiro disco. A triunfal carreira de Tony de Matos terminou abruptamente a 8 de Junho de 1989, quando faleceu em Lisboa.
Powered by eSnips.com |
Morri ontem
O fado mora em Lisboa
O grande amor da minha vida
Procuro e não te encontro
Que queres tu de mim
Saudade vai-te embora
Sem comentários:
Enviar um comentário